RioFilme se prepara para lançar programa de fomento 2023 e faz balanço dos últimos dois anos

Publicado em 03/05/2023 - 16:27 | Atualizado
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Visitante fotografa os Arcos Lapa: cidade é cenário de produções do audiovisual - Marcos de Paula / Prefeitura do Rio

Às vésperas de lançar o pacote de investimentos no audiovisual carioca 2023, a RioFilme, órgão integrado à Secretaria de Cultura da Prefeitura do Rio, faz balanço do resultado das ações de fomento e do impacto das políticas afirmativas para a distribuição democrática dos recursos investidos.

Nos últimos dois anos, foi realizado o maior investimento da história no audiovisual carioca pela Prefeitura do Rio. Foram viabilizados, por meio da RioFilme, mais de R$ 78 milhões distribuídos em diferentes linhas de fomento, atraindo recursos da ordem de R$ 271 milhões e totalizando um investimento de cerca de R$ 350 milhões na economia do Rio de Janeiro. Em 2022, a RioFilme lançou editais que totalizaram mais de R$55 milhões.

Dentro do valor investido em 2022, se destaca o edital de Atração de Filmagens para a Cidade do Rio de Janeiro, o Cash Rebate. Lançado pela primeira vez no ano passado, ele foi um sucesso, com R$ 15 milhões investidos na atração de produções para a cidade do Rio de Janeiro. Dos 14 projetos inscritos, foram selecionadas dez propostas que incluíram a participação de players internacionais relevantes como Amazon, Disney, Netflix e Paramount.

Com isso, a RioFilme atraiu R$ 67 milhões para a cidade, resultando em R$ 82 milhões de investimento no setor audiovisual carioca. O edital tem duas linhas de investimento, uma voltada para players internacionais e outra para produções de outros estados que queiram filmar no Rio. Os percentuais devolvidos pela RioFilme vão de 30 a 35% do valor investido pelas produções na cidade. Para acessar o cash rebate, as produções do Brasil e do mundo têm de ter uma produtora carioca como parceira, é ela que vai gerir os recursos.

Os investimentos da RioFilme em atrair filmagens para o Rio têm dado resultado. No ano passado, a Rio Film Commission contabilizou 7.174 diárias de filmagens autorizadas, o que significa 19 sets de filmagens acontecendo por dia na capital, um aumento de 60% em relação à 2021. Comparando com algumas das cidades de maior potencial turístico e cultural do mundo, tivemos aqui no Rio, em 2022, a filmagem de 53 longas, enquanto Lisboa teve 12, Madrid, 47 e Paris, 102. Em relação a obras seriadas (séries e novelas), o Rio recebeu 66 produções, enquanto Lisboa teve 11, Madrid, assim como o Rio, 66 e Paris, 68.

Das produções internacionais atendidas pela RFC, destacam-se blockbusters do porte das franquias Velozes e Furiosos e Kong X Godzilla, que irão levar as imagens da cidade para as telas do mundo inteiro, nos novos filmes que devem estrear em breve.

Dentre os investimentos estruturais no setor na cidade, em 2022 a RioFilme formalizou uma importante parceria com a Quanta que está fazendo do Polo Cine Vídeo, na Barra da Tijuca, um dos mais modernos e arrojados complexos de estúdios do país. O contrato da concessão de uso do Polo prevê a reestruturação e a gestão por 30 anos do equipamento de 60 mil m² de área. Estão sendo investidos cerca de R$ 92 milhões no espaço, que fará do complexo de estúdios uma referência para o audiovisual brasileiro.

 

Bons resultados na democratização dos recursos:

Desde o início de 2021, a RioFilme tem se preocupado em construir uma política sólida para a democratização na distribuição dos recursos nas suas ações de fomento. Todo o processo de tomada de decisões e ações é pautado por pleno diálogo com o setor audiovisual carioca, por meio de reuniões com as entidades representativas, e também com produtores, diretores e outros agentes do setor. Além disso, todos os processos de seleção de projetos passam por consulta pública, para que suas regras tenham a ciência e a participação efetiva da sociedade, por meio de disponibilização dos editais na íntegra no site da RioFilme e chamamento nas redes sociais.

De forma proativa, em 2023, a equipe de fomento visitou organizações culturais que trabalham junto a áreas periféricas, como AfroReggae, Observatório de Favelas, Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré – CEASM e Instituto Tear, entre outras, para ampliar e democratizar as ações, ouvindo diretamente o público envolvido no impacto das políticas afirmativas.

No último biênio, os editais da RioFilme tiveram 1.243 projetos inscritos, foram contratadas 217 propostas nas áreas de produção e desenvolvimento de longas e séries de ficção, animação e documentário, distribuição, curtas-metragens, webséries, ações locais, apoio à participação em festivais internacionais, games, mostras e festivais.

A seleção dos projetos contratados é por meio de comissões de profissionais do setor audiovisual, em uma média de um representante da RioFilme para quatro do setor audiovisual, em sua maioria.

A avaliação da comissão de seleção está atrelada a critérios técnicos previstos nos Editais, com pontuação adicional baseada em políticas afirmativas, a partir de estratégias eficientes de distribuição de investimento priorizando os grupos minorizados, tanto pensando em questões sociais, visando às regiões de menor IDH da cidade, quanto pelas demandas identitárias, com o objetivo de priorizar mulheres, negros, pessoas LGBTQI+, indígenas e pessoas com deficiência. O acréscimo de pontuação na classificação dos projetos inscritos se dá da seguinte forma:

A) O PROPONENTE é sediado nas Áreas de Planejamento 3, 4 ou 5 do Município do Rio de Janeiro, conforme regulamentadas pela Prefeitura, exceto na Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes: + 5 pontos

B) Sócio(a) do PROPONENTE ou diretor(a) é pessoa negra, indígena, com deficiência, e/ou transgênero: + 3 pontos (não cumulativo por número de pessoas)

C) Sócia do PROPONENTE ou diretora é pessoa socialmente mulher: + 2 pontos (não cumulativo por número de pessoas)

A aplicação dessa estratégia impactou de forma considerável o resultado dos editais, vale ressaltar os números de 2022, referentes ao maior edital de fomento da história da RioFilme. Do percentual dos projetos contratados:

● 66% são de produtoras, diretoras ou roteiristas mulheres;

● 33% são de produtores (as), diretores (as) ou roteiristas negros, transgêneros, indígenas ou pessoas com deficiência.

● 29% são projetos de proponentes sediados das zonas norte e oeste, com exceção da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes.

O número de projetos inscritos por proponentes das APs 3,4 ou 5 (com exceção da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes) em 2022 corresponde a apenas 20% do total de 673 projetos inscritos nos editais da RioFilme.

Quanto ao número de proponentes, 34% dos proponentes de produtoras das APs 3, 4, ou 5 (exceto Barra da Tijuca e Recreio) tiveram ao menos 1 projeto contratado nos editais da RioFilme 2022. Comparativamente, apenas 24% dos proponentes dos demais territórios da cidade tiveram algum projeto contratado.

No edital de Apoio a Ações Locais, por exemplo, das 20 propostas contratadas, 17 estão nas APs 3, 4 e 5, com exceção de Barra e Recreio, as outras três propostas são dos bairros de Andaraí, Rio Comprido e Centro. Quanto aos proponentes beneficiados, 14 produtoras tem como mulheres como sócias, 10 têm como representantes negros, indígenas, pessoas trans ou pessoas com deficiência.

O Edital de Apoio a Mostras e Festivais apoiou eventos que levam o audiovisual para públicos que têm pouquíssimo acesso a ele, como o Zona de Cinema, que projeta filmes sob viadutos de áreas periféricas, e outros, que têm como prioridade a formação de público e a democratização do audiovisual, como o Visões Periféricas, a Mostra do Filme Livre, Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, Festival Super Hacka Kids (Cinema Nosso) Femina e Mostra Anima Cinemão (também itinerante e periférico), entre outros, todos apoiados por editais.

Além das Mostras e Festivais, dentro do escopo da democratização do acesso ao audiovisual, em 2021, a RioFilme retomou as atividades do CineCarioca Nova Brasília, no Complexo do Alemão , o primeiro e único cinema em funcionamento dentro de uma comunidade no Rio. A sala, que tem equipamentos e programação do mesmo nível das salas comerciais do Rio, impacta 60 mil pessoas e 15 comunidades. Todos os ingressos são subsidiados pela RioFilme, para que sejam vendidos (desde a reinauguração) a R$ 5.

  • 3 de maio de 2023
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