Cidade do Rio aumenta em seis vezes a oferta de laqueadura e vasectomia

Publicado em 21/07/2023 - 14:16 | Atualizado

Com uma média mensal de 1.600 vagas abertas para laqueadura e duas mil para vasectomia, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) bate recorde de oferta desses procedimentos visando o planejamento familiar, sexual e reprodutivo dos usuários da rede pública de saúde. De 2020 para 2022, o número de vagas disponibilizadas para essas duas cirurgias aumentou quase seis vezes, saindo de 3.046 para 17.068. Somente nos seis primeiros meses de 2023, já foram abertas mais de 17,8 mil vagas para os dois procedimentos, e a fila para vasectomia hoje no SISREG está zerada.

O aumento da oferta de laqueaduras e vasectomias é resultado dos investimentos da Prefeitura do Rio para zerar as filas do SISREG até 2024. A SMS aumentou a capacidade dos hospitais da rede para a realização de diversos procedimentos e cirurgias eletivas, atendendo assim a demanda reprimida. Ao todo, em 2020, foram ofertadas mais de 219 mil vagas para cirurgias de diversos tipos, contra 89,4 mil em 2020. Em 2023, até o mês de março, já foram 137,4 mil vagas disponibilizadas.

O Super Centro Carioca de Cirurgia, no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG), em Acari, é o maior prestador de serviço de vasectomia da rede municipal, com 3.970 pacientes atendidos no primeiro semestre deste ano, mais de 800 deles somente em maio. O procedimento – que teve o tempo de espera reduzido de 247 dias em 2020 para cerca de 50 dias atualmente – é ofertado ainda nos hospitais municipais Francisco da Silva Telles e Rocha Faria; nos federais Cardoso Fontes, de Bonsucesso, da Lagoa e dos Servidores do Estado; no estadual Carlos Chagas; no universitário Gaffrée e Guinle, da UNIRIO; e na Policlínica Piquet Carneiro, da UERJ. Somente as três unidades da rede municipal foram responsáveis por 72,8% dos 9.596 dos atendimentos realizados este ano até o momento.

O motorista de aplicativo, Fabiano Rodrigues, de 33 anos, foi o primeiro paciente a realizar a cirurgia de vasectomia no HMRG, em 2022. Pai de dois filhos e casado há mais de 15 anos com a influenciadora digital Camila Paes, entrou na fila pelo procedimento em 2019, mas por conta da suspensão das cirurgias eletivas durante a pandemia, acabou tendo seu processo atrasado. Logo após a retomada das cirurgias, conseguiu realizar o procedimento.

– Recebi um atendimento muito bom no Hospital Ronaldo Gazolla, deu para notar o profissionalismo de todas as equipes.

A suspensão das cirurgias eletivas na pandemia acabou deixando uma demanda reprimida, que hoje consegue andar com celeridade, como no caso do Bruno Palafoz, de 27 anos. Ele levou menos de dois meses desde a primeira consulta até a realização da cirurgia.

– Foi um tempo de espera muito rápido. Tive uma ótima experiência e recomendo muito a unidade – disse Bruno, que é casado há 13 anos, tem dois filhos, e foi motivado a realizar o procedimento como forma de planejamento familiar, devido à situação financeira.

Já a laqueadura tem o Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, em Bangu, como o maior prestador do serviço da rede, com 3.411 pacientes atendidas entre janeiro e junho deste ano, mais de 500 somente no último mês. A cirurgia é realizada ainda nos hospitais municipais Ronaldo Gazolla, da Piedade, Pedro II e Francisco da Silva Telles; no estadual Carlos Chagas; e no Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz. As cinco unidades municipais foram responsáveis por 77% dos 8.222 atendimentos deste ano. O tempo de espera caiu de 233 dias em 2020 para 163 em 2023, mesmo com o expressivo aumento da demanda desde março deste ano, devido às novas regras da lei da laqueadura, que ampliaram o público elegível para a cirurgia para toda mulher acima de 21 anos ou com pelo menos dois filhos, independente da idade.

A garçonete de hotelaria Aline Ramos, de 33 anos, decidiu fazer a laqueadura por conta de um cisto que a impedia de tomar anticoncepcionais. Casada há quatro anos e mãe de três filhos, a mais nova de 1 ano, tinha medo de se sentir vazia por dentro após a cirurgia, mas conta que se surpreendeu e hoje está ótima.

– Eu me sinto muito segura, minha última gestação não foi planejada e agora muda tudo. Eu tinha até vergonha da cicatriz, mas ficou muito boa. Atendimento nota 10 na unidade. Fui muito bem tratada, explicaram tudo com atenção total.

Já a passista de escola de samba Marta Ribeiro, 37 anos, tomou a decisão pois os medicamentos contraceptivos causavam muitos enjoos e ela acabava deixando de tomá-los. Mãe de quatro filhos não planejados, ela conta que no início o marido não concordava com a cirurgia, por medo de que algo desse errado, mas ela insistiu e conseguiu fazer o procedimento. Marta diz que agora poderá se dedicar mais ao carnaval e sente que foi a melhor escolha.

– Eu me sinto muito bem, tive uma recuperação muito boa. Fui muito bem atendida no Mariska Ribeiro. Para mim, o atendimento foi excelente.

Além da vasectomia e da laqueadura, que são métodos contraceptivos permanentes, a Secretaria Municipal de Saúde também disponibiliza em sua rede de atenção métodos temporários, que podem ser revertidos caso a paciente ou o casal decidam ter filhos. É o caso dos dispositivos intrauterinos (DIU) hormonal e de cobre, que são implantados nas próprias clínicas da família e centros municipais de saúde e têm eficácia semelhante à da laqueadura. As unidades também dispõem das pílulas anticoncepcionais e dos preservativos, que evitam ainda as infecções sexualmente transmissíveis. Para decidir sobre qual o melhor método para o seu caso, a mulher ou o casal podem conversar com seu médico ou enfermeira de sua equipe de saúde da família, para orientações.

  • 21 de julho de 2023
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