Antas nascidas no RioZoo são levadas para reserva ecológica. Espécie foi considerada extinta no Estado

Publicado em 09/08/2019 - 09:46 | Atualizado em 12/08/2019 - 13:57
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Antas são animais inteligentes: são as jardineiras da floresta, porque costumam espalhar sementes e contribuir com o ecossistema. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do RioAntas são animais inteligentes: são as jardineiras da floresta, porque costumam espalhar sementes e contribuir com o ecossistema. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do Rio

Jorge e Magali, um casal de Tapirus terrestres, ou apenas antas, nasceram dentro do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, em São Cristóvão, Zona Norte da cidade. Maior mamífero terrestre do Brasil, a espécie foi considerada extinta na natureza no Estado do Rio. O último registro do animal em seu habitat natural é do longínquo ano de 1914. Para ajudar a mudar essa realidade, um projeto apoiado pela Prefeitura, o Refauna, está reintroduzindo antas na Mata Atlântica. Na quinta-feira, 8 de agosto, após um período de estudos e testes de seis meses, Magali e Jorge foram soltos na Reserva Ecológica de Guapiaçu (Regua), em Cachoeiras de Macacu, uma área de proteção ambiental de 6,6 mil hectares.

O casal agora faz companhia na floresta a Flora, Júpiter, Eva, Valente e Floquinho, antas que foram reintroduzidas na área por meio do projeto. Na semana que vem, mais dois exemplares, oriundos de Sorocaba (SP), serão soltos na mata. Em seguida, será a vez de Aluísio, irmão de Jorge e Magali que ainda vive no Zoológico do Rio.

– A reintrodução na natureza de um animal ameaçado de extinção é um momento muito importante para o meio ambiente e para a sociedade. E o zoológico cumpre um importante papel nesse processo. A função do Zoológico do Rio, por meio da Fundação RioZoo, é também esse tipo de atividade, de soltura e de estímulo à reprodução de animais que estão em extinção. O zoológico não é só para exposição de animais, mas tem que defender também a  conservação das espécies animais. A soltura dessas antas é um momento histórico – afirma Suzane Rizzo, presidente da Fundação RioZoo.

Jorge e Magali em seus primeiros momentos no novo habitat. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do Rio
Jorge e Magali em seus primeiros momentos no novo habitat. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do Rio

Iniciado em 2017, o Refauna é um projeto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), com apoio da Fundação RioZoo, Instituto Conhecer para Conservar, Inea e Ibama. O objetivo da iniciativa é reintroduzir espécies animais nativas da floresta do Parque Nacional da Tijuca, a fim de restaurar a fauna e as interações ecológicas locais.

Antas são inteligentes e podem chegar a 300 quilos

No caso das antas, por serem um animal de grande porte e precisarem de muito espaço para viver, o local escolhido para soltura dos animais foi a Reserva Ecológica de Guapiaçu, área de proteção que e se conecta com o Parque Estadual dos Três Picos, que possui 65 mil hectares.

Para ter uma dimensão do tamanho, o Parque Nacional da Tijuca, que fica dentro do município do Rio, tem 4 mil hectares. Ali já foram reintroduzidos cotias e bugios (uma espécie de macaco). A próxima etapa será a soltura de jabutis. As três espécies são consideradas mamíferos de médio e pequeno porte, enquanto as antas podem chegar a até 300 quilos, as fêmeas, e 200 quilos, os machos. A espécie é solitária e mansa e, ao contrário da fama popular, é considerada inteligente pelos biólogos.

Reserva Ecológica de Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu, novo lar das antas Jorge e Magali. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do Rio
Reserva Ecológica de Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu, novo lar das antas Jorge e Magali. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do Rio

Magali, de 5 anos, e Jorge, de 3, chegaram há cerca de um mês na reserva ecológica. O casal é filho de Sebastião e Pedrita, que vivem no Zoológico do Rio desde a década passada. Aluísio, que em breve irá para Cachoeira de Macacu, tem 7 anos. A expectativa de vida das antas é de 30 anos. Jorge e Aluísio foram batizados em homenagem aos seus tratadores no Zoológico do Rio. Magali, não é difícil adivinhar o porquê: seu nome é homenagem à comilona personagem da Turma da Mônica.

Reserva Ecológica de Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu, novo lar das antas Jorge e Magali. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do Rio
Reserva Ecológica de Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu, novo lar das antas Jorge e Magali. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do Rio

Antas são conhecidas como ‘jardineiras das florestas’

Antas podem chegar a 300 kg, e são animais grandes e dóceis. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do Rio
Antas podem chegar a 300 kg, e são animais grandes e dóceis. Foto: Paulo Sérgio / Prefeitura do Rio

As antas foram equipadas com um colar com GPS e rádio transmissor, brinco de identificação e microchip subcutâneo, equipamentos que possibilitam o monitoramento dos animais. Para evitar a caça e conscientizar a população do entorno sobre a presença dos bichos, o projeto fez um trabalho de educação ambiental com os moradores da região.

– Antes de serem soltas na mata, as antas passam por um período de aclimatação num cercado de um hectare dentro da reserva, onde se acostumam com o clima e a nova dieta. As antas são animais herbívoros, que comem folhas e frutos, contribuindo para espalhar sementes pela mata. Por isso, são conhecidas como jardineiras das florestas – explica Maron Galliez, professor do IFRJ e um dos coordenadores do Refauna.

  • 9 de agosto de 2019
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