Bloco Loucura Suburbana reúne usuários da rede de saúde mental, familiares e amigos com recursos do Foca

Publicado em 08/02/2023 - 15:16 | Atualizado
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O bloco Loucura Suburbana ficou dois anos sem desfilar por conta da pandemia - Divulgação

O bloco carnavalesco Loucura Suburbana retorna às ruas do Engenho de Dentro, na Zona Norte, no dia 16 de fevereiro, às 17h, saindo do Instituto Municipal Nise da Silveira, onde se concentra a partir das 16h. Mais de mil componentes, entre usuários da rede de saúde mental, familiares, amigos e vizinhos, desfilam pelas ruas do bairro até retornar ao Nise, onde se encerra ao som da bateria A Insandecida!, com cerca de 40 ritmistas. Em sua 21ª edição, o cortejo foi financiado com recursos do Fomento à Cultura Carioca (Foca), programa de patrocínio direto da Secretaria de Cultura da Prefeitura do Rio.

– O momento de realização deste Carnaval é muito especial. Foram dois anos sem desfilar por conta da pandemia e, pela primeira vez, o Loucura vai às ruas após o fim do manicômio. Não há mais nenhum paciente internado no Instituto Nise da Silveira, ali agora é um parque, com muitas atividades de arte, cultura, esportes e geração de renda – disse Ariadne Mendes, uma das organizadoras.

Criado em 2001, o Loucura já rompeu simbolicamente os muros do hospício e revitalizou o Carnaval de rua do Engenho de Dentro, reunindo usuários, familiares e funcionários da rede de saúde mental, além de moradores do bairro e adjacências, criando um movimento de integração com a comunidade, tendo como motivação a maior festa popular brasileira. Desde então, abre o Carnaval do bairro, arrastando foliões e contribuindo para transformar o preconceito contra a loucura em admiração, respeito e desejo de integrar-se.

Em 2010, constituiu-se no primeiro Ponto de Cultura em saúde mental da cidade do Rio de Janeiro, com apoio da SEC/RJ: ‘Ponto de Cultura Loucura Suburbana: Engenho, Arte e Folia’,  passando a oferecer atividades permanentes abertas à população, gratuitas, que resgatam a memória do samba e do Carnaval, a cidadania, incorporando a cultura aos dispositivos de saúde mental e a população ao criativo e inovador mundo da loucura.

Recebeu diversas premiações durante sua trajetória, como o Prêmio Serpentina de Ouro, concedido pelo jornal O Globo, e a Medalha da Ordem do Mérito Cultural Carioca, pela Prefeitura do Rio – via Secretaria Municipal de Cultura.

A folia este ano tem patrocínio também da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, por meio do edital Blocos nas Ruas. O barracão está aberto diariamente para reserva das fantasias que serão emprestadas aos foliões no dia do desfile, assim como maquiagem gratuita.

Uma marca do bloco são os bonecos do Germano, estruturas gigantescas como os bonecões de Olinda. A diferença, compara o instrumentista Abel Luiz, são as articulações da versão carioca da alegoria.

– O braço não é bobo, tem uma estrutura que se move e tem um camisolão que se abre. Em alguns casacos, o operador pode desfilar de bicicleta. Mais uma forma para construir novas práticas de luta antimanicomial por meio da arte e cultura. O Carnaval é a oportunidade de oferecer um momento para as pessoas lidarem com a dor do outro de uma forma mais humana, solidária, generosa – afirmou Abel, que também é geógrafo de formação.

  • 8 de fevereiro de 2023
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