Do sonho à liberdade: no Dia da Mulher, taxistas falam do orgulho pela profissão

Publicado em 09/03/2020 - 12:03 | Atualizado em 09/03/2020 - 14:43

Ainda adolescente, Katherine Sabino aprendeu a dirigir no táxi do padrinho. Aos 19 anos, ela já tinha um desejo: ser taxista como ele. Tirou a carteira de habilitação e começou a circular com seu amarelinho, saindo de madrugada às escondidas para atender a população, contrariando os pais, que só a deixavam sair com o dia já claro. Desde então, roda em toda a cidade do Rio de Janeiro, colecionando histórias e viagens.

De tanto amor e dedicação pelo táxi, Katherine já ganhou o apelido de Penélope, por conta dos itens cor de rosa que enfeitam seu carro. “Meu sonho de criança era ter a roda que tenho hoje no meu carro. Consegui realizar e tive a oportunidade de colocar a cor rosa, que chama a atenção das pessoas. É tão gratificante passar na rua e ver as crianças falando: ‘mãe, é o carro da Barbie’”, conta.

Katherine, que tem mais 7 taxistas na família, conquistou a autonomia em dezembro de 2019, um presente para ela, que faz aniversário no mesmo mês. “A autonomia foi um presente de aniversário. Quando recebi a notícia, chorei feito criança”. E lembra com emoção do dia em que recebeu o benefício das mãos do prefeito Marcelo Crivella, em cerimônia no Palácio da Cidade: “Costumo dizer que senti o mesmo nervoso de quando eu apresentei minha tese na faculdade e a mesma felicidade de quando recebi meu diploma.”

Há 15 anos, aposentada e buscando um novo trabalho que lhe desse liberdade, Miriam Vilela decidiu se aventurar no táxi, declarado Patrimônio Cultural Carioca pelo prefeito Marcelo Crivella em 2017. Hoje, prestes a completar 73, ela é a taxista mais idosa, na ativa, cadastrada na Secretaria Municipal de Transportes.

Miriam sai todos os dias de casa às 9h e só retorna às 21h. Roda a cidade inteira e não nega corrida. “O táxi me deu a liberdade de fazer meu horário e não ter chefia. Rodo 12 horas por dia, de segunda a sexta. Aonde me chamarem, eu vou”, disse.

Destemida e esforçada, nem a diabetes a impede de encarar as ruas e o trânsito. Muitas vezes, ela sai de casa sentindo dores e mal-estar, tudo em prol dos passageiros que buscam os serviços do táxi, que já a ajudou a conquistar muitas coisas, inclusive a dar entrada em seu apartamento.

“Eu gosto de ser taxista. Muita gente elogia, admira. Eu já me adaptei totalmente. Não me vejo fazendo outra coisa. O táxi só me trouxe coisas boas. Eu sou muito feliz aqui.”

Miriam também está entre os 2.430 taxistas que conquistaram a tão sonhada autonomia na atual gestão. Desde março de 2018, conforme determinado pelo prefeito Marcelo Crivella no Decreto 44372, 10% das autonomias são reservadas a mulheres.

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