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Prefeitura divulga levantamento sobre realidade da população trans no Rio de Janeiro
Publicado em 04/04/2022 - 12:12 | Atualizado em 04/04/2022 - 12:19![](https://prefeitura.rio/wp-content/uploads/2022/04/Alexandre-Macieira-_-Prefeitura-do-Rio-scaled.jpg)
Os números impressionam: 83% dos entrevistados afirmam já terem sofrido violência dentro da escola, e dois em cada três já sofreram violência por serem trans. Os dados resultam de entrevistas feitas com 526 pessoas trans e travestis cadastradas na primeira etapa do projeto Garupa, realizada entre julho e outubro de 2021 pela Prefeitura do Rio. A iniciativa foi da Secretaria Municipal de Governo e Integridade Pública (Segovi), por meio da Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e a Coordenadoria-Geral de Relações Internacionais e Cooperação.
O levantamento incluiu perguntas sobre a realidade socioeconômica, a escolaridade e o acesso ao mercado formal de trabalho da população trans e travesti carioca. Entre outros dados, o projeto apontou que um a cada três entrevistados faz apenas uma refeição por dia ou menos, e que 72% dos participantes deixaram de estudar devido a dificuldades financeiras ou à falta de dinheiro.
– Dentro da comunidade LGBTI+, as pessoas trans e travestis são as que enfrentam as maiores barreiras de acesso à saúde, ao trabalho formal e a condições dignas de vida, e estudos apontam que a pandemia agravou ainda mais este cenário. Estes dados dão um panorama de como ainda há muito a se fazer em prol destas pessoas e poderão servir de base para inúmeras políticas públicas. A sociedade não pode fechar os olhos para a realidade de quem mais necessita de oportunidades – afirmou o coordenador executivo da Diversidade Sexual, Carlos Tufvesson.
As entrevistas foram realizadas no âmbito do primeiro trimestre do projeto Garupa, cujo objetivo foi de facilitar o acesso da população trans e travesti à saúde, por meio do acompanhamento até a vacinação contra a Covid-19 e da orientação sobre os serviços municipais. Ao todo, foram 723 pessoas trans e travestis atendidas pelo programa nesta primeira etapa. Dessas, 526 participaram integralmente do levantamento.
A ação, que envolveu agentes trans e travestis atuantes em todas as áreas programáticas da cidade, foi uma das 18 selecionadas para participarem do “Partnership for Healthy Cities: Covid-19 Response” (em português: “Parceria para Cidades Saudáveis: Resposta para a Covid-19), iniciativa liderada pela Bloomberg Philanthropies em parceria com a Organização Mundial da Saúde e a Vital Strategies, que concedeu ao Rio de Janeiro US$ 50 mil para a execução do programa. A segunda etapa do projeto está prevista para ser lançada ainda no primeiro semestre deste ano.
– Estabelecer políticas públicas de promoção da dignidade de todas as pessoas só é possível por meio do comprometimento com a garantia do acesso delas à renda, à saúde, à cultura e à educação. A partir do Garupa, pavimentamos este caminho que vem sendo construído pela Prefeitura do Rio com o objetivo de assegurar e ampliar os direitos da população trans e travesti, que merece toda a atenção do poder público – disse o secretário municipal de Governo e Integridade Pública, Tony Chalita.
Confira os principais destaques do levantamento:
TRABALHO E RENDA
60% DOS ENTREVISTADOS TÊM RENDA MENSAL INCERTA OU INSUFICIENTE
Pergunta: Você possui uma renda mensal suficiente para sobreviver?
Respostas:
Sim, suficiente – 40%
Depende do mês – 39%
Sempre passo necessidade – 8%
Não tenho nenhuma renda – 13%
71% JÁ SOFRERAM PRECONCEITO DURANTE ENTREVISTA DE EMPREGO
Pergunta: Você já sofreu preconceito durante uma entrevista de emprego?
Respostas:
Sim, mais de uma vez – 71%
Sim, apenas uma vez – 0%
Nunca – 29%
27% NUNCA TIVERAM VÍNCULO DE TRABALHO
Pergunta: Você já possuiu algum vínculo de trabalho?
Respostas:
Nunca – 27%
Sim, sem me assumir no trabalho – 30%
Sim, me assumindo no trabalho – 43%
37% ACREDITAM QUE NÃO HÁ VAGAS FORMAIS DE TRABALHO PARA PESSOAS LGBTI+
Pergunta: Você acha que existem oportunidades de emprego para LGBTI+?
Respostas:
Sim, em muitas empresas – 3%
Sim, em poucas empresas – 59%
Sim, em empregos públicos – 0%
Sim, como empreendedores – 1%
Não, somente trabalho informal – 37%
UMA EM CADA TRÊS FAZ APENAS UMA REFEIÇÃO POR DIA OU MENOS
Pergunta: Você come de forma regular?
Respostas:
Não – 11%
Uma vez por dia – 22%
Mais de uma vez por dia – 67%
ESCOLARIDADE
DUAS EM CADA CINCO NÃO TERMINARAM A ESCOLA
Você estudou até que ano?
Primeiro grau – 20%
Primeiro grau incompleto – 6%
Segundo grau incompleto – 13%
Segundo grau – 42%
Superior – 20%
83% JÁ SOFRERAM VIOLÊNCIA DENTRO DA ESCOLA
Pergunta: Você já sofreu violência dentro da escola?
Respostas:
Sim, por amigos, na minha infância e adolescência – 44%
Sim, por amigos, na adolescência – 22%
Sim, por amigos e professores, na minha infância e adolescência – 11%
Sim, por amigos e professores, na adolescência – 6%
Nunca sofri violência na escola – 17%
RENDA E PRECONCEITO SÃO OS PRINCIPAIS MOTIVOS PARA PARAREM DE ESTUDAR
Pergunta: Por que você parou de estudar?
Respostas:
Não estudei mais por falta de dinheiro – 43%
Não estudei mais por falta de tempo – 0%
Não estudei mais por falta de oportunidade – 14%
Não estudei mais por causa do preconceito – 29%
Nunca gostei de estudar – 0%
Estou estudando no momento – 14%
83% GOSTARIAM DE VOLTAR A ESTUDAR
Pergunta: Você tem vontade de voltar aos estudos?
Respostas:
Sim, gostaria de concluir meus estudos – 22%
Sim, gostaria de complementar meus estudos – 56%
Sim, mas não sei o que devo estudar – 6%
Não, eu não quero mais estudar – 17%
DUAS EM CADA TRÊS GOSTARIAM DE APRENDER ALGUM CONTEÚDO PROFISSIONALIZANTE
Pergunta: O que você gostaria de aprender no seu tempo livre?
Respostas:
Conteúdo para complementar a formação escolar – 11%
Conteúdo profissionalizante – 66%
Conteúdo para aprender mais sobre mim – 10%
Conteúdo sobre algum hobby – 3%
Conteúdo para ajudar os outros – 11%
TRANSFOBIA E SAÚDE
DUAS EM CADA TRÊS JÁ SOFRERAM VIOLÊNCIA POR SER TRANS
Pergunta: Você já foi vítima de violência por ser trans?
Respostas:
Nunca – 32%
Até 2 vezes – 30%
Mais de duas vezes – 37%
29% TOMAM HORMÔNIOS POR CONTA PRÓPRIA
Pergunta: Você sabia que existe um programa voltado para hormônio-terapia assistida pelo SUS?
Respostas:
Sim, eu participo/ participei no passado – 29%
Sim, mas nunca participei – 43%
Sim, tomo por conta própria – 0%
Não, tomo por conta própria – 29%
Não tenho interesse – 0%
56% NUNCA RECEBERAM ORIENTAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE PÚBLICA SOBRE HORMÔNIOS OU SILICONE
Pergunta: Você já procurou o serviço de saúde pública para receber orientação sobre hormônios ou uso de silicone?
Repostas:
Sim, já procurei e fui atendido – 44%
Sim, já procurei e não fui atendido – 21%
Não, não sei onde procurar – 13%
Não, nunca me interessei – 16%
Não, achei que não podia – 6%
ATÉ O FIM DO PROJETO, 79% TINHAM TOMADO PELO MENOS UMA DOSE DA VACINA
Pergunta: Você tomou a vacina contra a Covid-19?
Respostas:
Sim, a primeira dose – 54%
Sim, primeira e segunda doses (ou dose única) – 25%
Não – 20 %
Não quero tomar – 1%
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