Evento marca início da revitalização do edifício A Noite

Publicado em 16/09/2024 - 15:49 | Atualizado
O edifício na Praça Mauá foi inaugurado em 1929 - Marcelo Piu

A Prefeitura do Rio participou, na noite do dia 13/09, do evento que marcou o início da revitalização do Edifício Joseph Gire – conhecido como A Noite. Uma iluminação projetada no imóvel celebrou o marco do início dos trabalhos, que estão previstos para começar em novembro. O prédio será convertido em um residencial com 447 unidades e três lojas no térreo. Além disso, haverá um espaço aberto à visitação que contará a história do edifício.

Com o objetivo de revitalizar a região, o município comprou o imóvel do Governo Federal em 2023, por R$ 28,9 milhões, via Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), após cinco tentativas anteriores de negociação feitas pela União, entre 2021 e 2022. Em julho do ano passado, após analisar quatro propostas, o prédio foi vendido à iniciativa privada, por meio da Azo Inc., que ofereceu R$ 36 milhões ao município, além de 50% do potencial adicional gerado pelas regras do Reviver Centro, estimado em mais de R$ 24 milhões.

Para o prefeito Eduardo Paes, esse é o momento mais importante desse ciclo de transformação da região central do Rio:

– As cidades que se estendem horizontalmente, que crescem muito de tamanho, se tornam cidades ambientalmente piores e mais caras também. Quando a gente redescobre o Centro das nossas cidades, com a infraestrutura que têm, como Rio, São Paulo e tantas outras, a gente diminui os custos e torna as nossas cidades ainda melhores – afirmou.

O prefeito destacou ainda a força da cidade, que resiste a todas as crises:

– O Rio é um lugar muito especial, que perdeu muito da sua narrativa ao longo dos últimos anos. Nós fomos, infelizmente, o epicentro de todas as crises brasileiras. Mas essa cidade é tão resiliente e tão forte, que ela respira, que está de pé de novo. E o renascimento do Edifício A Noite, o primeiro arranha-céu da América Latina, é uma prova de que ninguém segura o Rio de Janeiro.

A negociação representa um marco na revitalização da região central do Rio. O edifício, um ícone da cidade, fica na Praça Mauá, em frente ao Museu do Amanhã. O entorno, já revitalizado pelas obras do Porto, deve ganhar ainda mais potencial com o residencial.

– O Edifício A Noite é transformador. Chegou aqui antes de tudo, no Centro, foi soberano em 1929 quando foi construído e viu tudo crescendo em torno dele. É de extrema importância para o Centro, para a cidade e para a história cultural do Rio de Janeiro – destacou José Albuquerque, CEO da Azo Inc.

A Prefeitura do Rio tem investido na Região Central e Portuária na última década. Desde 2021, além dos futuros novos moradores do A Noite, foram lançados 12 novos empreendimentos residenciais, totalizando 9.129 unidades habitacionais, que prometem trazer um movimento 24h na região central. O investimento é complementado pelo programa Reviver Centro, que já contabiliza 2.777 unidades residenciais em 37 licenças concedidas, das quais oito são para construção de novos prédios e 29 para transformação de uso, o chamado retrofit.

O presidente da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), Gustavo Guerrante, enumera as vantagens do empreendimento:

– Imagine você ter um prédio que nunca vai ter a vista bloqueada. Uma das melhores vistas do mundo, com Museu do Amanhã, Baía de Guanabara, Pão de Açúcar, Ponte Rio-Niterói e com uma área de lazer com a Orla Conde, o parque do Porto a ser implementado. Isso aqui é um novo Aterro do Flamengo.

O edifício A Noite

O edifício A Noite, construído na década de 1920, no Centro do Rio de Janeiro, é um dos marcos da arquitetura brasileira. Considerado o maior prédio da América Latina à época da sua inauguração, em 1929, foi batizado em referência ao jornal homônimo sediado no local. O arranha-céu de 23 andares e 102 metros de altura, em estilo art déco, também era sede da Rádio Nacional, a emissora de maior audiência do país à época, e ainda de consulados e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

O edifício foi projetado pelos arquitetos Joseph Gire – nome por trás do Copacabana Palace e do Hotel Glória – e Elisiário Bahiana. Em 1936, recebeu a Rádio Nacional. Pelos corredores dos quatro andares ocupados pela emissora, passaram grandes artistas da cultura popular brasileira, como Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso. Em 1940, por conta de dívidas com o Governo Federal, o prédio passou a ser propriedade da União.

Em 2013, o A Noite foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por suas características arquitetônicas e históricas e se tornou ícone da Região Portuária da cidade.

  • 16 de setembro de 2024
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