A Fundação João Goulart no Dia da Consciência Negra

Publicado em 20/11/2021 - 16:22 | Atualizado em 20/11/2021 - 19:19
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É com muita alegria que eu celebro hoje o Dia da Consciência Negra como Presidente da Fundação João Goulart. Celebrar a condição é reafirmar a representatividade, o realizar dos nossos sonhos, principalmente porque a minha educação é baseada em anos e anos de ensino nas instituições públicas. 

A Fundação João Goulart tem como compromisso gerar valor público. A gente se preocupa – e muito – em qualificar a capacidade de entregar melhores serviços dos gestores públicos da Prefeitura, inclusive considerando a percepção do cidadão sobre a prestação do serviço público. Para isso, atuamos de maneira ágil para transformar a gestão pública em um ativo cada vez mais efetivo, capilarizando boas práticas e focando em dois pilares: projetos e pessoas. Quando falamos em projetos, estamos estimulando a transversalidade, a cultura de dados e um ambiente de inovação e intraempreendedorismo. Ao falarmos de pessoas, pensamos na gestão estratégica de pessoas no serviço público, formando lideranças e capacitando servidores como gestores públicos.

Olhar o Outro. Parte do processo de elaboração de políticas públicas, eu acredito que é olhar o outro. Políticas públicas baseadas em evidências é um caminho efetivo para isso e, assim, reverberar em um Dia da Consciência Negra de muito mais celebração e menos luta. É preciso incluir prontamente um olhar centrado no usuário nas metodologias de elaboração de ações, projetos e políticas públicas, por isso vamos investir no Afrofuturo como método que pode ser uma ferramenta para todas as raças/cores promovendo uma elaboração de políticas centrada no usuário. As diferenças entre grupos de indivíduos na sociedade não podem ser fator gerador de mais desigualdades, notadamente atravessados pelas questões de construções sociológicas de raça/cor. Ser negro não pode impedir o desejo de existir na cidade de nenhum de nós.

Por vezes, teimamos em achar que o conhecimento se deve pura e simplesmente à informação, não nos atentando ao modo de vivermos, nos comportarmos e como isso pode influenciar a nossa produção de saberes e jornadas de aprendizado. A compreensão deste fato é de suma importância para mudarmos a forma como nos desenvolvemos como gestores públicos. Investir em desenvolvimento através do prisma da Diversidade é permitir a criação de ações a partir de um deslocamento das nossas verdades – baseadas em discursos históricos, e nos  indicar novas perspectivas de elaborar políticas públicas.

Quando falo que só a informação não muda, é entender que salas de aula também são espaços comunitários, que não é uma coincidência determinados grupos de indivíduos de raça/cor terem tendência a ter determinada doença. Aliás coincidência é racismo, confundir é racismo, ainda mais hoje em dia, em que dados não nos faltam, não se cabe nem como desculpa. A caminhada é longa, mas nesta missão pedagógica, a orientação ao pensamento antirracista é preponderante para sermos uma sociedade mais equânime.

Não podemos ser regidos por uma produção de pensamento para se refletir políticas públicas baseada em um esquema de ideias fixo, arraigado, quase absoluto. Somos muitos. Somos múltiplos. Somos também negados, diversas vezes, a partilhar desta cidade como nossa. E eu acredito, entendo e reitero que estratégias de governo devem buscar reduzir os impactos do racismo como construção social, principalmente, dentro do sistema público de prestação de serviços. E por onde começar senão pela reflexão? Pela produção do pensamento? Racismo, preconceito, discriminação e estereótipos: todo gestor público não pode se abster de se apropriar destas definições e seus impactos. 

É preciso estarmos atentos, temos evoluído tanto, como formuladores de políticas públicas, na percepção do território em sua diversidade. O espaço em que as políticas públicas se dão, como diria Milton Santos, célebre negro e geógrafo brasileiro, é o lugar das relações, o espaço vivido e aí sim se configura como território. Assim, por que não temos o enfoque no quão as pessoas são diversas como método para se elaborar ações que resultem em mais igualdade, tendo a diferença como alavanca e não como gerador de mais desigualdade?

Aqui temos um gestão que assume que vivemos em uma sociedade, ao menos a carioca, com construção social racista e desigual, e não ignora o fato desta cidade ter recebido o maior número de escravizados do mundo e que este dado reverbera em nossas relações. Declaradamente se promove pequenos passos de reparação, através das ações de representatividade e promoção nos espaços de poder de gestores públicos negros.

Uma das formas de tornar a gestão pública mais efetiva é pensar em métodos e formas de se estar presente na vida das pessoas de maneira contínua. Políticas públicas não devem ser apenas entregues, elas devem mudar a vida das pessoas e cumprir uma estratégia que deve ser baseada no fato de para quem fazemos e o porquê. Para isso, é necessário e importante desenvolvermos gestores com uma formação antirracista, é por nós e não apenas por alguns, é por um Rio melhor para todos.

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  • 20 de novembro de 2021
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