Prefeitura entrega quiosque à família de Moïse Kabagambe, no Parque Madureira Mestre Monarco

Publicado em 30/06/2022 - 17:06 | Atualizado em 30/06/2022 - 17:36
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O quiosque Moïse fica localizado próximo ao portão 1 do Parque Madureira - Beth Santos/Prefeitura do Rio

A Prefeitura do Rio, em parceria com a Orla Rio, entregou o Quiosque Moïse, que fica no Parque Madureira Mestre Monarco, à família Kabagambe, nesta quinta-feira (30/6), data de aniversário de 62 anos da independência do Congo. O espaço, que tem 154m² de área total e capacidade para 60 lugares, contará com um cardápio inspirado nos pratos típicos do país africano, além de abrigar um memorial para celebrar a cultura africana.

 

– É um sinal claro de que não vamos aceitar no Rio e no Brasil atos de xenofobia, de racismo, preconceito e uma morte tão violenta como essa do Moïse. Óbvio que nunca vamos reparar a dor da família, mas é uma forma de homenagear e lembrar permanentemente desse ato bárbaro e selvagem que acabou com a vida de um homem. O Brasil foi um país construído por uma gente que veio de tantos lugares, muitos da África – afirmou o prefeito Eduardo Paes, frisando que todos são bem-vindos no Rio de Janeiro, uma cidade acolhedora, que recebe as pessoas com carinho e fazendo com que se sintam em casa.

 

Moïse, de 24 anos, foi morto no fim de janeiro no quiosque em que trabalhava, na minha Praia da Barra da Tijuca. Na ocasião, a Prefeitura do Rio sugeriu à família que passasse a administrar o local e o transformasse em um memorial. Os parentes do congolês consideraram que o quiosque traria lembranças ruins e, então, ficou decidido mudá-lo para o Parque Madureira Mestre Monarco.

Após a localização ser escolhida, a Prefeitura do Rio iniciou os procedimentos jurídicos para que a Orla Rio, concessionária dos quiosques das praias cariocas, pudesse auxiliar a família de Moïse no Parque Madureira. Além de fiscalizar a execução de todo o projeto.

 

– Agradeço ao prefeito Eduardo Paes e toda sua equipe, ao João Barreto, presidente da Orla Rio, e todos os demais envolvidos. Recebam nosso obrigado por esse quiosque em homenagem à memória do nosso filho. O que aconteceu com ele atinge e afeta todo mundo – disse Clude Kabagambe, pai de Moïse.

 

O quiosque, localizado próximo ao portão 1, funcionará de terça à domingo e o cardápio oferecerá 33 opções entre petiscos, pratos principais, guarnições e sobremesas, entre eles Fufu, Liboke e Makayabu, típicos do Congo e com influência brasileira.

 

Moïse, de 24 anos, foi morto no fim de janeiro no quiosque em que trabalhava – Beth Santos/Prefeitura do Rio

 

Com arquitetura e cores inspiradas na cultura africana, o espaço ainda conta com um grafite exclusivo do artista Airá Ocrespo. O grafiteiro, conhecido por trazer em todas as suas obras o empoderamento negro, desenvolveu uma arte em homenagem a Moïse e à força congolesa.

O local também ganhou uma arte em azulejos com o rosto de Moïse estampado e funcionará como memorial da cultura africana, em parceria com o Instituto Akhanda.

 

– Sabemos que nada será o bastante para amenizar a dor da perda do Moïse com aquele crime brutal e é de forma genuína que construímos, de mãos dadas com a família Kabagambe, um legado para honrar a imagem de Moïse e de todo o seu povo. Com esse quiosque, que entregamos a eles depois de 150 dias de idealização e muitos encontros, a cidade do Rio terá uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a cultura e a gastronomia congolesa, além de apoiar a família, que terá o quiosque como sua principal fonte de sustento – declarou o presidente da Orla Rio, João Marcello Barreto.

 

Cerca de 50 funcionários da Orla Rio trabalharam no projeto ao longo de cinco meses. A concessionária também deu à família de Moïse a primeira leva de insumos para a produção do cardápio, uma ajuda de custo mensal durante o período de idealização do quiosque, além de instalar os equipamentos e todo o mobiliário.

A família de Moïse também recebeu auxílio jurídico, além de orientação e treinamentos para constituir e gerir o quiosque, viabilizados pela Orla Rio. Essa preparação para assumir o controle do local contou com mais de 100 horas de cursos oferecidos pelo SindRio, consultoria do chef João Diamante, que fez a curadoria na criação do cardápio, e gestão empresarial conduzida pelo consultor de negócios Cleber Mourão.

E a equipe de comunicação da concessionária também desenvolveu um projeto de mídias sociais para o quiosque, como forma de contribuir para transformar o local em referência cultural do Congo na cidade, com o objetivo de disseminar a história, geografia, culinária e cultura do país. Por meio de parcerias com a Alfatec e a Ambev, o Quiosque Moïse ainda ganhou equipamentos de frituras e bebidas para impulsionar o seu funcionamento.

 

Foi inaugurada uma placa em frente ao quiosque – Beth Santos/Prefeitura do Rio
  • 30 de junho de 2022
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