Prefeitura cria grupo permanente contra vandalismo e testa papeleiras antidepredação

Publicado em 14/08/2019 - 10:12 | Atualizado em 15/08/2019 - 14:02
Servidores municipais limpam pichação em monumento histórico no Campo de Santana - Fotos Marcelo Piu / Prefeitura do Rio

Para conter a onda de vandalismo na cidade, a Prefeitura vai criar um grupo de trabalho de vigilância permanente para proteger seus 1.373 monumentos históricos e 2.200 praças e parques públicos. Por conta de depredações, o município tem um gasto, por ano, de pelo menos R$ 4,4 milhões. A iniciativa visa, em conjunto com órgãos estaduais, federais, pesquisadores e entidades ligadas à conservação, desenvolver ações concretas para evitar a destruição de bens públicos. Uma delas é a papeleira antidepredação, já em teste no Méier.

Placa depredada, retirada pela CET-Rio para ser recuperada.
Divulgação/ CET-Rio

A decisão de unir forças foi tomada durante a reunião do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), realizada pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), nesta terça-feira, dia 13, no Centro de Operações Rio. Representantes das polícias Civil e Militar, Iphan, historiadores, vereadores e de secretarias municipais, discutiram formas de combater as ações criminosas.

Para o secretário municipal de Ordem Pública, Paulo Amendola, que conduziu o encontro, a composição da equipe que vai integrar o grupo de trabalho será publicada no Diário Oficial do Município nos próximos dias. A maior parte dos recursos municipais nesta área é aplicada em reposição de sinalização de trânsito e papeleiras, além da restauração de monumentos.

– O grupo irá agir em três pilares: educação, fiscalização e repressão, para conscientizar e coibir o dano ou o furto ao patrimônio. A questão da educação é importante, tendo em vista a necessidade de conscientizar a população sobre o problema, aliada às ações de ordenamento que a Prefeitura já vem realizando em diversos pontos da cidade, e reforçada a partir de segunda-feira. Outras inciativas debatidas serão aplicadas após análise do grupo – adiantou Amendola.

Do total de gastos com a recuperação de bens depredados, R$ 1,8 milhão são empregados pela Seconserva somente com a manutenção dos monumentos e chafarizes. Outros R$ 2 milhões anuais são gastos pela CET-Rio na substituição e conserto de placas e sinalização de trânsito. Já a Comlurb arca com R$ 580 mil por ano para recuperar papeleiras.

– Apelamos para que a população cuide e preserve esses equipamentos, para que todos possam utilizá-los de forma correta. O vandalismo causa enormes prejuízos a todos. Fiscalizar e cuidar do patrimônio público é um dever de todos nós – reforçou o presidente da Comlurb, Tarquínio Almeida, durante a reunião, onde apresentou as novas papeleiras galvanizadas que passam por testes contra depredação.

Segundo o presidente da CET-Rio, Airton Aguiar, aproximadamente 850 de placas, em média, precisam ser substituídas ou restauradas a cada mês na cidade.

– Para minimizar o problema dos furtos, a CET-Rio tem reforçado a fixação das placas de sinalização de trânsito com dois suportes e subindo a altura das colunas dos blocos semafóricos dos repetidores e pedestres – afirmou Airton. Ainda conforme ele, outra tentativa de se evitar que as placas sejam levadas ou danificadas por vândalos, é a substituição do alumínio, que possui valor comercial considerável, por painéis de alumínio composto (formado por um material termoplástico e uma fina lamina de alumínio de cada lado) em suas estruturas.

A parceria da iniciativa privada na administração de espaços públicos; a criação de leis mais severas contra vândalos; a intensificação do uso da tecnologia na vigilância dos patrimônios públicos e campanhas de conscientização junto a população, foram debatidas por integrantes do GGIM.

Patrimônio em risco e papeleiras antidepredação

De acordo com a gerente de Chafarizes e Monumentos da Secretaria Municipal de Conservação (Seconserva), Vera Dias, todos os casos de monumentos vandalizados estão registrados em delegacias para investigação policial, por se tratar de uma questão de segurança pública. Entre as medidas previstas pelo órgão para evitar os furtos, está a presença constante das equipes de manutenção nos monumentos; a utilização de imagens de câmeras, por meio de parcerias com prédios residenciais e comerciais, para o registro de flagrantes e coibir as ações dos criminosos.

Nova papeleira antidepredação vem sendo testada em ruas do Méier. Foto: Divulgação Comlurb

O novo modelo foi instalado para estudos, recentemente, no Méier. Os equipamentos, feitos com chapas galvanizadas e emborrachadas e fixados no chão, são confeccionados na própria Comlurb. O furto da nova papeleira é dificultado porque o equipamento é chumbado no chão e por ser constituída de material de baixo valor no mercado, o que desestimula o comércio no mercado ilegal de materiais potencialmente recicláveis. A papeleira só pode ser manipulada pelo gari, com chave própria. Ele abre a lixeira e retira o cesto interno para remoção dos resíduos. A Comlurb conta atualmente com 38.049 recipientes plásticos instalados para a coleta de lixo nas ruas. Em média, entre 500 e 600 unidades são vandalizadas por mês, ou 6.600 por ano.

Vários tipos de atos de vandalismo em cada região da cidade

Levantamento da CET-Rio mostra que as áreas mais atingidas pelo vandalismo, em relação às placas de trânsito, são sazonais. Na Zona Sul, os atos de vandalismo se se caracterizam, na maioria das ocorrências, pela colagem de adesivos sobre os equipamentos, dificultando a visualização por parte dos motoristas e pedestres. A região do Centro e Grande Tijuca sofrem mais com a alteração dos textos que compõem as placas, além de pichação. Já no corredor BRT Transcarioca e Transoeste os furtos lideram as estatísticas.  Quanto aos sinais de trânsito, a Companhia tem um prejuízo de R$ 100 mil reais por mês com vandalismo.

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