Secretaria Municipal de Cultura - SMC
Rei de Ifé é recebido pela Secretária Municipal de Cultura no Cais do Valongo

13/06/2018 13:53:00


 
O Rio de Janeiro recebeu, nesta terça-feira, a visita do rei nigeriano Oba Adeyeye Enitan Babatunde Ogunwusi, o Rei de Ifé, líder político e religioso do povo iorubá. O monarca conheceu o Cais do Valongo, na Gamboa, Centro do Rio de Janeiro, local que foi a principal porta de entrada, nas Américas, de negros africanos escravizados e titulado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.
 
A secretária municipal de Cultura Nilcemar afirmou que a visita do rei de Ifé permite estreitar os laços entre o Brasil e a Nigéria promovendo um intercâmbio entre esses países.
 
"É com imensa honra que recebemos Ooni de Ifé. Para mim, é muito significante, como primeira Secretária Municipal de Cultura negra, estar recebendo Sua Majestade em nosso país. Foi no Cais do Valongo que desembarcaram milhões de escravizados. Muitos não resistiram à viagem e foram enterrados nesta região. Por isso a importância de construir o Museu da Escravidão e da Liberdade aqui. Os escravos foram despidos de sua identidade, mas a cultura não pode ser arrancada de nós", avaliou Nilcemar Nogueira. 
 
Durante o evento, organizado pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio, Ooni de Ifé assistiu a apresentações de diversos grupos de matrizes africana e, em seu discurso, sugeriu que as pessoas deixem o passado para trás e celebrem com alegria o presente.
 
"Nossas raízes são as raízes de todo mundo. Não há nada que a raça negra não tenha criado.  Estamos na linha de frente de desenvolvimento. Não há nenhum lugar do mundo onde não tenhamos sido os primeiros. Nossos ancestrais construíram tudo. Por isso devemos ser muito orgulhosos de nossa origem e jamais ser tristes pelo passado como o que aconteceu nesse lugar. Precisamos nos reconectar e sermos fortes de novo", disse ele.
 
O evento no Cais do Valongo contou com a presença também dos grupos Filhos de Gandhi e Jongo do Pinheiral, além de diversas lideranças religiosas. O rei de Ifé Arole Oduduwa, 43 anos, estava acompanhado de uma comitiva composta por cerca de 120 iorubás, entre empresários, autoridades religiosas, reis, rainhas e intelectuais, dentre os quais destaca-se o prêmio Nobel de Literatura Wole Soyinka.  Na tarde desta terça-feira, no Teatro João Caetano, no Centro do Rio, Ooni de Ifé distribuiu bênçãos e disse que o povo iorubá precisa de unir e não se preocupar com a intolerância religiosa:
 
"Os orixás estão em tudo: na água, na terra e no ar. Então, porque existe intolerância religiosa? As pessoas que destroem os axés não bebem água ou não respiram? É tempo de nós nos amarmos. Isso se chama humanidade. O homem tem que ser mais gentil com o outro", defendeu. 
 
 
 
Fotos: Eduardo Rocha