Evento comemora Dia do Dançarino de Dança de Salão e 82 anos de mordomo da Prefeitura

Publicado em 26/07/2019 - 12:02 | Atualizado em 02/03/2021 - 12:03
Seu Gyleno começou a trabalhar como copeiro do gabinete do prefeito em 1982. Foto: Marcelo Piu/Prefeitura do Rio

Dizem que a culpa é sempre do mordomo. Não no caso de Gyleno dos Santos, ou melhor, do Seu Gyleno, como todo mundo o conhece no número 455 da Rua Afonso Cavalcanti. Há quase 37 anos trabalhando no gabinete do prefeito, ele diz que, como bom garçom, “ficou rouco de tanto ouvir”. Mas contar, ele não conta muito. Segue a linhagem da profissão: máxima discrição. E cita ‘Mordomo da Casa Branca’, filme protagonizado pelo ator americano Forest Whitaker. “O personagem diz que não revela o que escuta nem para a mulher”, explica Seu Gyleno.

São dois pra lá, dois pra cá

Se carrega alguma culpa, é a de ensinar passos de bolero aos iniciantes do ritmo. Entre uma xícara de café e um copo de água, o mordomo da prefeitura se formou em dança de salão no Clube Vera Cruz, no bairro de Abolição, pela Academia Nice Machado. Chegou a dar aulas para funcionários da prefeitura e organizar bailes. Além disso, ele é coordenador e fundador do grupo ‘Nó da Dança’, que atualmente oferece aulas no Club Municipal, na Tijuca.


Hoje em dia, não é mais professor, embora continue dando os seus passos. “Meu estilo preferido é o fox, o chamado soltinho, mas também gosto muito de samba e forró”, afirma. Nesta sexta-feira, 26 de julho, será possível vê-lo em ação no Clube do Servidor Municipal, em um grande baile comemorativo pelo Dia do Dançarino da Dança de Salão (21 de julho), data instituída no calendário oficial do Rio de Janeiro em 2003. O evento marcará ainda a celebração dos 82 anos de Seu Gyleno, completados no dia 5 de julho. A festa, que começa às 18h e é aberta para os servidores, será comandada pela Banda Brasil Show e terá participação do DJ Nelsinho. Os bailes no clube acontecerão mensalmente.

“A dança é uma maravilha. É o lenitivo da alma. A razão para eu ter esse pique até hoje. Além de ajudar a integrar e melhorar a qualidade de vida das pessoas”, diz.

Mas faz muito tempo…

O copeiro tem muita história para contar.  Quando começou a trabalhar como servidor, em 1983, o prefeito era Jamil Haddad. Na época, o chefe da administração municipal era nomeado pelo governo estadual. Seu Gyleno, que nasceu em 1937, dois anos antes do início da 2ª Guerra Mundial, acompanhou o processo de redemocratização, quando nossos governantes voltaram a ser eleitos pelo voto. Em 1986, a cidade teve seu primeiro prefeito escolhido por sufrágio universal, Saturnino Braga.

De lá para cá, Seu Gyleno serviu 10 prefeitos (e um presidente). O parêntese ocorreu durante a década de 90. “Naquela época, a Gávea Pequena, residência oficial do prefeito, na Quinta da Boa Vista, era usada para receber o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, quando ele vinha ao Rio. Fui deslocado para lá”, explica. Na ocasião, o garçom chegou a dividir a cozinha com a chef Roberta Sudbrack, que assinava o cardápio da presidência.

A lista de personalidades atendidas pelo mordomo alcança até a realeza britânica. “Servi a princesa Diana e o príncipe Charles no Palácio da Cidade, quando eles visitaram o Rio”, orgulha-se. Tanta história reflete-se nas justas homenagens recebidas por Gyleno dos Santos: as Medalhas 1° de Março, entregue por ocasião dos 450 anos da cidade, e a Pedro Ernesto, principal condecoração municipal, além do título de Cidadão Honorário do Rio.

Mesmo com tanto passado, o garçom prefere mirar o presente. “Todo dia aprendo algo e vivo uma situação diferente”, ensina.

  • 26 de julho de 2019
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