Professor do Rio inspira alunos, que somam 630 prêmios em competições de matemática

Publicado em 16/10/2019 - 17:20 | Atualizado em 16/10/2019 - 18:07
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Professor do Rio inspira alunos, que somam 630 prêmios em competições de matemática

Fonte: Globo News

 

Alunos de Luiz Felipe, professor do ensino público do Rio, se destacam em competições. ‘Sou fruto de professores que foram muito bons e fizeram diferença na minha vida’.

Professor do Rio inspira alunos, que somam 630 prêmios em competições de matemática

Diante de todas as dificuldades enfrentadas pelos professores no ensino público, a história inspiradora do professor de matemática Luiz Felipe Lins lembra, neste Dia dos Professores (15), a beleza e a potência da profissão.

Luiz Felipe tem 47 anos de idade, dos quais 23 são dedicados às salas de aula do ensino público do Rio. Os alunos, incentivados por ele, acumulam 630 prêmios em competições nacionais e internacionais (veja na reportagem acima, da GloboNews).

“Eu sou fruto de professores que foram muito bons e fizeram diferença na minha vida, porque eu fui criado pela minha tia, que fazia faxina para sustentar os filhos dela e a mim, sem marido. E ela falava pra mim assim: ‘Ouça seus professores, porque eles têm muito valor e eles podem te dar aquilo que, enquanto eu to na rua, eu não vou poder dar’ (…) Eu tenho que fazer com que essas crianças tirem proveito desse espaço que eles estão”, diz Felipe Lins, que, há 15 anos, dá aula na Escola Municipal Francis Hime, na Taquara.

Ensinar uma matéria que é o terror de muitos alunos não parece ser uma dificuldade para Felipe. Humanizar os números e trazer a matéria para perto da realidade é a chave do sucesso do professor.

“Quando você ressignifica matemática, você trabalha matemática de maneira que ela faça sentido na vida da gente, esse novo olhar é um olhar que vem ao encontro das Olimpíadas, das provas do Pisa, das provas nacionais, dos exames que são cobrados pra avaliar a educação dos países”, diz ele.

Transformar o aprendizado em um desafio quase lúdico também é parte do repertório de Felipe.

“Qual é o adolescente que não gosta de ser desafiado? Qual é a criança que não gosta de resolver problema? É esse o intuito, uma matemática que faça sentido, não uma matemática que faça sofrer. Hoje a gente vê, dentro das escolas, que os adolescentes estão vivendo um período de doença da alma. Muito jovens com depressão, tomando remédio, automutilação, se cortando e a escola não pode ser uma espaço que vai aumentar esse sofrimento. E a matemática não posso ser usada com isso. Então, a escola tem que ser um espaço que acolha, que escute, valorize, respeite as individualidades e promova prazer e crescimento. É assim que eu vejo hoje a educação”, diz ele.

Trazer a matemática para a vida real e ensinar de forma quase lúdica funciona. Quem garante são os alunos.

“Ah, ele é muito prático e ele ensina fácil, tem uns métodos que não são muito tradicionais, de você ter que escrever (…). Ele explica bem e ele é um professor legal, conversa com os alunos, interage e eu gosto também de matemática, então é uma facilidade a mais”, diz a estudante Sara Gomes Nunes, de 13 anos.

“Ah, ele tem uma forma de ensino bem didática, com jogos, a gente aprende muito mais, que, às vezes a gente fica preso naquela explicação mais cansativa, mas quando a gente começa um jogo ou um exercício bem fácil, mas mesmo assim ainda a gente aprende, é bem mais fácil aprender e também é um professor sensacional também”, diz Adler Borges, de 13 anos.

Muita gente que não gostava da matéria, aprendeu a gostar e chegou até a ganhar medalha.

“Elas falam que é sorte, só que elas não entendem o esforço que a pessoa tem, eu comecei a estudar muito, porque eu me interessei, por causa do professor Felipe. Tem gente que fala ‘ah, é sorte’, você é privilegiada, só que elas não entendem quanto eu estudo em casa, elas acham que é sorte, mas nunca foi sorte”, diz a aluna Thuane.

“Falam como se fosse um dom e não é um dom. É um investimento, é esforço, um exercício, quer dizer, você se disciplina, você se desenvolve, em consequência disso”, endossa o professor.

Thuane e Sara são alunas do projeto de robótica, coordenado pelo professor. Nas oficinas, os alunos são capacitados para desenvolver robôs, jogos com equações e código morse. Tudo isso aos sábados.

“As pessoas falam: ‘Vocês são malucos’ de ir pra escola sábado, acordar cedo pra ir pra escola’… Só que assim, é legal”, garante Sara.

Felipe, que guia muitos alunos na conquista de medalhas, é só agradecimento.

“Tenho orgulho da minha profissão e dos meus colegas. Tem trabalhos maravilhosos por esse país afora, eu tô tendo a oportunidade de conhecer professores fantásticos, que fazem diferença na vida das crianças e a escola é um lugar que marca, quando a gente conta uma história de vida, a gente lembra sempre de um professor, de um momento de escola, então a gente deixa história pra vida dessas crianças”, diz ele.

  • 16 de outubro de 2019
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